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12/02/2014

Mais três cubanos abandonam o Mais Médicos, dentre eles, um que estava no MA

BRASÍLIA – O ministro da Saúde, Arthur Chioro, informou nesta terça-feira que mais três profissionais cubanos abandonaram o programa Mais Médicos. Esses médicos trabalhavam nos municípios de Rio do Antônio, na Bahia, Belém de São Francisco, em Pernambuco, e Timbiras, no Maranhão. O ministro não soube dizer o paradeiro deles.

Nos últimos dias, vieram a público o caso de dois cubanos que deixaram o programa: a médica Ramona Matos Rodríguez, que trabalhava em Pacajá (PA), e o médico Ortelio Jaime Guerra, que atuava Pariquera-Açu (SP).

Na semana passada, o ministro já havia dito que 22 médicos cubanos, de um total de 5.378, haviam se desligado do programa. Todos eles justificaram a desistência e formalizaram o desligamento: 17 por problemas de saúde, inclusive dois que caíram do telhado, e cinco por razões pessoais. Os cinco novos casos – incluídos Ortelio e Ramona – não justificaram o afastamento do programa. O processo de desligamento de Ramona está sendo finalizado. Os outros quatro ainda vão ser notificados.

— Aqueles 22 (desligamentos) foram formalizados, ou por problemas de saúde e ou porque tiveram problemas pessoas e pediram para voltar e houve acordo. O que eu estou comunicando é que nos últimos dias, de sexta-feira para cá, o Ministério da Saúde foi recebendo comunicações ou das coordenações estaduais ou por parte dos municípios da situação de infrequência de quatro profissionais cooperados (cubanos), e um deles público (Ortelio), que nós fomos notificados anteontem à noite — afirmou Chioro.

Também vão ser notificados outros 85 médicos que desistiram do programa, dos quais 80 com registro no Brasil e cinco formados no exterior. Entre os cinco de fora, há um espanhol que trabalhava em Recife, uma colombiana em Belo Horizonte, um ucraniano e uma brasileira formada no México em Porto Alegre, e um argentino em Salvador. Fora os cubanos, há 1.280 médicos trabalhando no Brasil por meio do programa.

O ministro não foi claro se o governo vai tentar aumentar os salários dos médicos cubanos. Ramona desistiu do programa após descobrir que o governo de seu país retinha a maior parte dos salários. Enquanto os brasileiros e outros estrangeiros recebem R$ 10 mil, os cubanos ficam com apenas US$ 1.000 (cerca de R$ 2,4 mil), dos quais US$ 400 vão para suas contas no Brasil e o restante para outra conta em Cuba.

O ministro voltou a dizer que está cumprindo a parte do governo brasileiro na parceira firmada com Cuba e intermediada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Segundo Chioro, há uma negociação permanente com a Opas desde o início para que o programa possa funcionar de maneira adequada. Questionado se os salários também estavam sendo discutidos nessa negociação, ele respondeu:

— É um conjunto de medidas. Para nós interessa criar as melhores condições para que a gente possa ter o programa Mais Médicos consolidado. É fundamental que haja uma harmonização.

Questionado novamente se a questão salarial está incluída na negociação, ele respondeu:

— Se estou dizendo que o conjunto de problemas, situações que podem ser colocadas, que envolvem ensino, recursos, alimentação, transporte, estão colocadas, todas elas estão sendo tratadas com a Organização Pan-Americana da Saúde no que diz respeito aos médicos cooperados (cubanos).

O ministro também informou que amanhã estará pronta uma norma, reunindo outras três já existentes, dispondo sobre as contrapartidas dos municípios. As regras do programa estipulam que os municípios são responsáveis por dar moradia, alimentação e transporte aos médicos. Há dez municípios em que o ministério detectou irregularidades e outros que ainda vão ser notificados a dar explicações sobre os motivos que os levaram a não cumprir as contrapartidas. Essas cidades não receberão, por enquanto, novos médicos. E, caso não sanem os problemas, serão desligadas do programa.

— Chegando ao conhecimento que determinado município não vem cumprindo suas obrigações, faremos uma notificação dando um prazo de cinco dias para dar sua justificativa. Recebendo essa argumento, daremos o prazo máximo de 15 dias para o município corrigi-las — afirmou o ministro.

Também amanhã estará pronto um conjunto de normas para tratar das regras de desligamento de profissionais do programa.

Chioro negou que o programa configure uma relação de trabalho. Formalmente, o Mais Médicos oferece bolsas, uma vez que tem cursos de aperfeiçoamento profissional, e não cria vínculos empregatícios. O procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) Sebastião Caixeta vem dizendo que o programa viola a legislação trabalhista brasileira e que vai sugerir mudanças para readequar o Mais Médicos à lei.

— Não é simples relação de trabalho. Eles se envolvem, fazem curso de especialização, têm que participar de um conjunto de atividades que são supervisionadas pelo Ministério da Educação e pelos institutos de educação superior federais e por aqueles que têm participado do esforço do programa Mais Médicos — disse Chioro.

Em depoimento prestado no MPT, Ramona disse que precisava pedir autorização a uma pessoa, que lhe disseram ser da Opas, para sair de Pacajá. Nesta terça, Chioro negou que haja restrição ao direito de ir vir aos médicos cubanos.

— O que eles fazem depois que saem da unidade de saúde compete a cada um deles. Posso dizer que, na minha cidade (São Bernardo do Campo), onde fui secretário de saúde, eles iam a festas, estavam já vivendo um processo de integração sem nenhum tipo de cerceamento — afirmou o ministro.

O ministro admitiu que podem aparecer novos problemas no programa.

— É muito provável que um novo problema apareça. Estamos lidando com milhares de pessoas.

O Ministério da Saúde divulgou hoje um balanço do terceiro ciclo de seleção de profissionais para o Mais Médicos. Já estão trabalhando 6.658 médicos (dos quais 5.378 cubanos). A eles se somarão outros 2.890 (2 mil deles cubanos), que começarão a trabalhar em março, totalizando 9.548. Segundo o ministério, com os novos profissionais, todos os municípios de maior vulnerabilidade social que aderiram ao programa terão suprida sua demanda por médicos. A meta do governo federal é ter 13 mil médicos até o fim de março.

O Globo

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